quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Oitenta e três dias depois

DUAS SEMANAS DEPOIS, o Coronel retornou do recesso de primavera com dois cadernos cheios de detalhes minuciosos sobre o trote, desenhos de diferentes lugares e uma lista de quarenta páginas e duas colunas que poderiam aparecer e suas respectivas soluções. Ele calculou os horários até os décimos de segundos e as distâncias até os centímetros, depois refez os cálculos, como se não suportasse a ideia de desapontá-la novamente. Naquele domingo, o Coronel acordou tarde e se revirou na cama. Eu estava lendo o som e a fúria, que deveria ter sido lido em meados de fevereiro. Olhei para cima quando ouvi o farfalhar dos lençóis, e o Coronel disse:
— Vamos juntar a turma novamente. — Então me aventurei na noite escura de primavera, acordei a Lara e o Takumi e os trouxe para o Quarto 43. A turma da Noite do Celeiro estava reunida – na medida do possível – para o Trote-Memorial Alasca Young.
Nós nos sentamos no sofá, e o Coronel ficou de pé à nossa frente, explicando o plano e os papeis de cada um com a empolgação que eu não via desde Antes. Quando terminou de falar, perguntou:
— Alguma dúvida?
— Sim, — Takumi disse. — Acha mesmo que isso vai funcionar?
— Bem, primeiro temos que encontrar um stripper. Depois o Gordo vai ter de convencer o pai dele.
— Está certo, — Takumi disse. — Ao trabalho então.

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