quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Quatro dias antes

O CORONEL NÃO ME DISSE NADA sobre o pré-trote, somente que seria chamado de Noite do Celeiro e que eu precisaria fazer as malas para passar dois dias fora.
Segunda, terça e quarta foram uma tortura. O Coronel e Alasca estavam sempre juntos, mas nunca me chamavam. Então passe mais tempo do que o normal estudando para as provas finais, o que foi ótimo para minha média geral. E aproveitei para terminar o trabalho de Religião.
Minha resposta para a pergunta foi bastante direta. A maioria dos cristãos e dos mulçumanos acredita no céu e no inferno, embora haja muito discordância entre as duas religiões sobre o que, exatamente, faz com que a pessoa vá para um ou outro lugar depois da morte. Os budistas eram mais complicados – por causa da doutrina de Buda a respeito do amatta, que diz basicamente que as pessoas não possuem almas imortais. Em vez disso, têm um emaranhado de energia, e esse emaranhado de energia é transitório, passando de corpo a corpo, reencarnando eternamente até, por fim, atingir a iluminação.
Nunca gostei de escrever parágrafos conclusivos em meus trabalhos – nos quais você simplesmente repete o que já foi dito usando expressões como Em suma Concluindo. Não fiz isso – simplesmente expliquei por que achava a pergunta importante. As pessoas, pensei, queriam segurança. Não suportavam a ideia de que a morte fosse um grande e escuro nada, não suportavam a ideia de que seus entes queridos pudessem deixar de existir e nem mesmo conseguiam imaginar essa não existência. Por fim, concluí que as pessoas acreditavam na vida após a morte porque não suportavam a alternativa.

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